Por João Eichbaum
O Brasil
serviu um banquete para os organizadores da Copa do Mundo e a FIFA se serviu
dele como bem quis. Ela começou com uma varredura na lei que proíbe a venda de
bebida alcoólica nos estádios. Durante a Copa pode, mas só a cerveja liberada
pela Fifa. Para as outras bebidas alcoólicas continua valendo a lei.
Depois
vieram as ordens para que tudo fosse feito de acordo com o padrão Fifa. E se
seguiram as marcas e patentes exclusivas, o fim da burocracia para os
interesses dela, o que se pode e o que não se pode vender nos estádios, o que
se pode e o que não se pode veicular como propaganda, as palavras que não se
podem pronunciar. Até no direito de ir e vir a Fifa mexeu. A serviço dela
estará a PM, revistando e interceptando quem não gosta de futebol, mas passa
perto do estádio.
Tudo isso
porque o Brasil não tem mais futebol na vitrine. O mundo não está mais nem aí
para o futebol brasileiro. Passou-se o tempo em que os tupiniquins eram os
artistas, os mestres, os gênios que encantavam plateias. Já não existem Pelés,
Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Garrinchas, para ficar só nesses nomes,
que pontificavam com a bola nos pés, entortando a coluna dos gringos. Dos
nossos espetáculos de futebol já não emana aquele brilho intenso de outrora. A
luminosidade fátua de um ou outro jogador é tragada pelos escândalos.
O que está
em foco é o mal administrado país, entregue a gangues políticas, a senhores
feudais que seduzem os pobres, a estelionatários que urdem falsas verdades com
mentiras explícitas. A Copa, como evento esportivo, como festa internacional do
esporte, está perdendo lugar nas manchetes internacionais. O que se exibe aos
olhos do mundo é o retrato de um país incompetente e desastrado, onde a ordem é
o caos. Ao invés da exaltação dos grandes feitos do futebol brasileiro, a mídia
estrangeira está mostrando as misérias do Brasil.
A
violência, a criminalidade, a pobreza, a corrupção, a falência dos sistemas de
saúde e educação, o “pau” quebrando na rua, a desorganização e a irresponsabilidade
em geral, o sumidouro do dinheiro público, a morte chegando com vaso sanitário
na cabeça ou nos desabamentos de construções para a Copa são as pautas que
dominam o noticiário sobre o Brasil.
Nem o
Vaticano deixou de dar o seu “pitaco”, embora, nesse campo, esteja sem a
autoridade e a isenção que o tema exige. Semana passada, ao alertarem o mundo
inteiro sobre a exploração sexual, os porta-vozes de Deus mencionaram
especialmente o Brasil, para onde acorrerão turistas ligados ao futebol e gringos
loucos por mulheres e bumbuns tropicais.
Esse é o
palco do espetáculo que o Lula ofereceu para o mundo, crente de que o povo se
deixa engambelar por pão e circo, (leia-se Bolsa-família e futebol pelo telão
HD financiado com o programa “Minha Casa, Minha Vida”). Deu no que deu: a vinda
de um colonizador da FIFA, chamado Jerôme Valcke, para fazer os
subdesenvolvidos levantarem do berço esplêndido. E a mídia com o olho em cima,
mostrando que o Brasil não leva jeito.
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