Publicado por Servidores do Judiciário Federal no Jornal Cidade de Bauru
Os servidores do Judiciário Federal de todo o país estão em greve,
reivindicando a correção monetária de seus salários, corroídos pela inflação ao
longo dos anos. A greve não é desmotivada. É, na verdade, o único instrumento
de que dispõem os servidores para terem suas reivindicações ao menos ouvidas. A
greve não tem o objetivo de prejudicar os relevantes serviços prestados à
comunidade, como a concessão de benefícios do INSS (aposentadorias,
auxílio-doença, pensões) e apuração de crimes que dilapidam o patrimônio
público, caso mais emblemático e recente o da Operação Lava Jato. Em suma,
todos esses serviços dependem não apenas de juízes e procuradores, mas
essencialmente da equipe de servidores que propicia condições adequadas para um
desfecho satisfatório.
Após tantos desgastes decorrentes de notícias manipuladas, já é passada
a hora de a população conhecer por que lutam os servidores do Judiciário
Federal. Desde junho de 2006 até 2015 a categoria obteve apenas 15% de
reajuste, e ainda de forma parcelada. Ou seja, os servidores recebem
praticamente o mesmo salário que recebiam em 2006. Fazendo uma comparação com o
trabalhador que recebe um salário mínimo, equivale dizer que esse trabalhador
estaria recebendo hoje pouco mais que R$ 350,00 (salário mínimo vigente em
2006). Segundo dados do Banco Central, a inflação acumulada no período de
junho de 2006 até julho de 2015 marca 68,12% (índice IPCA).
A reposição salarial pretendida pelos servidores do Judiciário Federal
é, em média, de 56%. Além disso, essa reposição será parcelada pelos
próximos 3 anos. Vale dizer que os servidores desconsideram a inflação futura
de 2015 até 2018. Assim, diferentemente do que anda sendo anunciado, o reajuste
do salário não irá impactar o orçamento, porque será parcelado ao longo de 3
anos.
É, portanto, absolutamente mentirosa a afirmação de que os servidores
pretendem aumento de 78%. Esse percentual, ao contrário do maliciosamente
anunciado como se fosse para todos, destina-se apenas a uma categoria chamada
Auxiliares Judiciários. Essa carreira está em extinção. Para se ter uma ideia,
na Justiça Federal de SP e MS são apenas 9, num total de 6.444 servidores.
Não bastasse, as notícias omitem que os servidores têm Imposto de Renda
descontado de seus salários, bem como que contribuem com o custeio de sua
própria aposentadoria. Logo, relevante valor do reajuste reverterá para os
cofres públicos, o que minimiza o falso absurdo e incabível aumento que o
governo insiste em anunciar. Some-se a isso que o Judiciário Federal contribui para
a arrecadação do governo mais do que gera em despesas com sua estrutura. Essa
arrecadação decorre das execuções fiscais, extrajudiciais e de verbas
previdenciárias.
É também preciso perguntar: de onde virá o dinheiro para custear a
reposição salarial? Da saúde, da educação? Não! Ele virá do próprio Judiciário,
que tem orçamento próprio e arrecada bem mais do que gasta. Em 2014, arrecadou
aproximadamente R$ 18,7 bilhões. A previsão para 2015 é de R$ 23 bilhões. Para
finalizar, o salário mínimo, desde 2006, aumentou 125%, passando de R$ 350,00
para R$ 788,00. O salário do presidente da República, desde 2006, aumentou
248%, passando de R$ 8 mil para R$ 30.900,00.
A inflação de 2006 até hoje acumula 68,12%. Considerando-se uma inflação
de 3% ao ano, menor índice entre 2006 e 2015, a previsão de acúmulo até 2018,
quando será paga a última parcela da correção monetária do salário dos
servidores, será de 9%. Logo, de 2006 até 2018, a inflação, no mínimo, será de
76%. O salário dos servidores será corrigido em 56% em média.
A luta é justa. Os servidores do Judiciário Federal, diversamente da
maioria das categorias de trabalhadores, não possuem data-base anual para
correção dos salários. Portanto, injusta é a posição do governo, que tenta
manipular a opinião pública, contando mentiras maliciosas.
Um comentário:
Se a nossa imprensa que si diz séria deveria ir atrás dá verdadeira notícia mesmo sabendo que o as justificativas do governo não passa de uma grande mentira, e pegou o reajuste dos servidos como bode expiatório exemplo da desgovernancia desse governo incompetente.
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